28.1.04

A Rosa





O dia luminoso leva-me à rosa e à antecâmara da Primavera. E a ROSA traz-nos os poemas de Yeats, com os jardins da Irlanda a tiracolo. E o Paul Celan de "Sete Rosas Mais Tarde". E o "Roman de la Rose" e até "O Nome da Rosa". E há a Rosa-Cruz, "assim como o mel para as abelhas..." e os Cavaleiros Rosa-Cruz. E há a "rosa sem porquê", de Angelus Silesius ("A rosa é sem porquê, floresce quando floresce, ninguém a manda florir.") e há o Paraíso de Dante e o amor comparado ao centro da Rosa:

"Beatriz atraiu-me ao centro de ouro da rosa eterna, que se dilata e vai de pétala em pétala, e que exala um perfume de louvor ao sol sempre primaveril."

E há a rosa alquímica e as sete pétalas, cada uma evocando um metal ou uma operação da Obra. E há a rosa branca e a "pequena Obra" e a rosa vermelha e a "grande Obra" e o símbolo da impossibilidade, a rosa azul.

Mas hoje, com os olhos no Oriente, e com uma gravura excessiva, roçando o "kitsch" orientalista, vou ao livro de um poeta chinês e ao poema "A Rosa Espera":

Pela escada espinhosa,
uma rosa trepa
até à altura das nuvens

A noite do amor
coroada de perfume
não aguenta o peso do luar

Tudo é um reino breve
onde o tempo morre dentro do tempo
sem deixar nem musgo

A rosa ainda espera
amarela e murcha
como uma campa aberta


( Yao Jingming, A Noite Deita-se Comigo", Guimarães, Pedra Formosa,2001, p.52)




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