6.7.05

O SOBA DA MADEIRA




Porque já não sou capaz de escrever sobre o "soba da Madeira",tal a urticária que me provoca, pedi de empréstimo umas palavrinhas ao Viriato Teles, um amigo de há anos, apesar de, ultimamente, nos termos encontrado tão pouco:

"Que o homem é uma alimária, já toda a gente sabe. Há quem garanta que se trata de um caso psiquiátrico, outros entendem que o tipo é um atentado ao espírito e à carne da Democracia, outros ainda acham que a existência de Alberto João é a prova definitiva de que Deus tem um sentido de humor que roça a perversidade. O certo é que ele, sozinho, consegue pôr o país em polvorosa de cada vez que abre a boca. E é assim que, poucos dias depois de escandalizar meio mundo ao chamar «filhos-da-puta» aos cubanos do Continente (sobretudo os que acumulam a condição de continentais com a de jornalistas), Jardim veio agora a terreiro clamar contra os chineses e os indianos com jeito para o negócio: ide-vos embora, não vos quero na Madeira, bramiu. Como de costume, as declarações do troglodítico líder regional deram um sururu de todo o tamanho, com o PSD a demarcar-se das posições do seu correligionário, o PC e o PS a acusarem-no de xenófobo, e o Bloco de Esquerda a dizer que semelhante palavrório é passível de constituir ilícito criminal. Jorge Sampaio, para não fugir à regra, não se quis pronunciar sobre «a forma usada e o conteúdo efectivo» das palavras de Jardim, limitando-se a debitar o discurso habitual em defesa da «tolerância», da «democracia» e da «pluralidade étnica». Melhor esteve Y Ping Chou, um dos líderes naturais da comunidade chinesa em Portugal, que - com jeitos da grande sabedoria oriental - se limitou a comentar que Jardim é um cliente assíduo das lojas madeirenses dos chinocas e monhés que tanto despreza. Pela parte que me toca, confesso que ligo tanto ao que Jardim balbucia nos discursos como a alguém que me venha falar da importância do grão-de-bico na vida sexual das borboletas. Sobretudo quando Jardim discursa depois de almoço. Afinal, há muito que me habituei a olhá-lo com a complacência devida aos tolos-da-aldeia. O que me surpreende é que um inimputável desta natureza continue a gerir os destinos de uma região autónoma, a ser tratado como um tipo normal, a ter assento no Conselho de Estado. Que diabo!, deve haver um preceito jurídico-constitucional qualquer que permita livrarmo-nos da criatura de uma vez por todas. Não há? Pois então dê-se a independência à Madeira. Assim como assim, os madeirenses que interessam - o Herberto Helder, o José Agostinho Baptista, a Ângela Caires, o Vicente Jorge Silva, e poucos mais - estão definitivamente em terra firme, e não consta que se queiram ir embora. Além disso, a Madeira independente era boa para o combate ao défice (aquilo só dá despesa), e sempre poderíamos declarar-lhe guerra e meter a ilha ao fundo! Acreditem que digo isto do coração: ninguém ia dar pela diferença. Eventualmente, podíamos ficar com o Porto Santo e as Selvagens, só por piada. E, depois, Portugal podia sempre receber Cabo Verde por troca: resolvia-se duma vez o problema dos ilegais da Cova da Moura e da Damaia, ganhávamos mais uma praias magníficas, e fazíamos da morna a verdadeira canção nacional."

Comments:
Excellent, love it!
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