21.11.03

Funchal

Ando com este livro de Gaspar Frutuoso encostado ao peito. Levei-o à Madeira e trouxe-o para Londres. Hoje, ainda cansado da manif de ontem, sentei-me neste cafezito ao pé do Tamisa, com o Parlamento ao lado, e pus-me a saborear este texto do século XVI, numa edição de 1870 ( Funchal, Typ. Funchalense), cuja ortografia vou "modernizar". É um pedaço da "descoberta" da Madeira, sob o comando de João Gonçalves Zargo, o Zarolho:

"Chegados ao formoso vale, viram que de lisos e alegres seixos era coberto, sem haver outro género de arvoredo senão muito funcho, que o cobria até ao mar por bom espaço; e saíam deste deleitoso vale ao mar três grandes e frescas ribeiras, ainda que não tão soberbas na aparência como a de Machico; eram porém muito formosas, por todas virem acabar no mar saídas deste vale. E pelo muito funcho que nele o capitão achou, lhe pôs nome o Funchal (onde depois fundou uma vila deste nome, que já neste tempo é uma nobre e sumptuosa cidade), no cabo do qual estão dois ilhéus, onde se foram abrigar por ser já tarde; e tomaram em terra água e lenha com que em um deles fizeram de cear de muitas aves que tomaram. Depois disto, foram dormir aos barcos, e, como foi manhã, passaram mais abaixo e, chegados a uma ponta, que dantes tinham visto, mandou o capitão pôr nela uma cruz, donde lhe ficou o nome Ponta da Cruz. Dobrando esta ponta, foram dar em uma formosa praia que, pela formosura e assento dela, o capitão lhe pôs o nome a Praia Formosa." (p. 39)

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