17.7.06

POEMAS DE GUANTÁNAMO





MESMO QUE A DOR


Por Daddiq Turkestani

Mesmo que a dor da ferida aumente
Haverá um remédio para tratá-la.

Mesmo que os dias na prisão se alonguem
Haverá um dia para deixá-la.



É VERDADE?

Por Usama Abu Kabir

Depois da chuva, voltou a crescer a erva?
Voltarão as flores a levantar-se na Primavera?
É verdade que os pássaros regressarão a casa?
E o salmão voltará a subir contra a corrente?

É verdade. Isto é verdade. E são verdadeiros milagres.
Mas é verdade que um dia deixaremos a Baía de Guantánamo?
É verdade que nesse dia voltaremos a casa?
Sonhando com a minha casa, em sonhos faço-me ao mar.

Para estar com os meus filhos, cada um é parte de mim;
para estar com a minha mulher e com aqueles que amo;
para estar com os meus pais, os corações mais ternos do mundo.
Sonho que estou em casa, livre desta jaula.


(Poemas publicados por Book Forum (Nova Iorque, Junho-Setembro de 2006), uma parte apenas dos poucos poemas que os advogados conseguiram recuperar, em milhares escritos pelos presos mas confiscados pelo Departamento de Estado americano. Publicados, também, no El País (08.07.2006). Tradução de Firmino Mendes).

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