11.9.05




A MARGINAL

Ao lado do rio faz-se a experiência de nunca estar só.
Caminha-se a favor do vento, das águas correntes e
de algumas aves perdidas dos portos.

Não me chames para o lado de dentro dos países nem
para fazer pousada na gruta secreta daquela montanha
coberta de amoras e forrada de líquenes.

Aqui, no passo lento de quem não tem certezas nem afectos,
vou a caminho da foz. Chegam barcos, saem outros.
Brilha este lado das águas.

A sombra também caminha e só na distância das ondas
poderá estar o espelho brilhante que fixa a luz à terra
ou a chama ao fascínio.

Firmino Mendes, in "A Terra e os Dias"

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