No passado dia 22 de Julho, o Conselho de Ministros de Espanha aprovou a nova Lei Orgânica da Educação (LOE).
O que nos pode surpreender a nós, portugueses?

1. A aprendizagem de uma língua estrangeira a partir dos 5 anos ( último ano da Infantil)e sem interrupção até aos 18 anos!
Em Portugal, a introdução do Inglês no 3.º ano do 1.º Ciclo é um tíbio avanço ( e não é para todos os alunos!), sabendo nós, ainda, que professores de inglês profissionalizados ficarão no desemprego porque o Ministério da Educação (ME) não quer gastar dinheiro e paga 100 € por ano/aluno a Institutos de Inglês!

2. A introdução da disciplina de Educação para a Cidadania, no 5.º e 6.º anos, prestando especial atenção à igualdade entre homens e mulheres, racismo, direitos dos imigrantes,etc.
A que distância estaremos nós da introdução de disciplina semelhante?

3. O Bacharelato (16 a 18 anos)terá uma nova área, denominada Ciências para o Mundo Contemporâneo, e que será comum às três modalidades agora existentes (Artes, Ciência e Tecnologia, Humanidades e Ciências Sociais). O seu objectivo é oferecer uma cultura científica básica a todos os alunos.

4. E reparemos bem no seguinte: "Os centros educativos contarão com autonomia para organizar grupos de alunos e matérias de maneira flexível com o objectivo de atender os alunos com dificuldades de aprendizagem", podendo, ainda, "desdobrar algumas turmas em dois grupos para ensinar matérias como Matemática e Língua, oferecer maior número de disciplinas optativas, programas de reforço ou fazer um tratamento personalizado dos estudantes"!
Novidade, ainda, é a introdução dos planos de reforço e apoio a partir do 1.º ano! "A ideia é prevenir as dificuldades de aprendizagem desde os primeiros anos e não permitir que se acumulem e estalem quando os alunos são já adolescentes"!

5. Outro facto ainda: as disciplinas na Primária (6 a 12 anos)são seis e, no ESO (12 a 16 anos)serão apenas de oito (actualmente são 11!).

Lemos e ficamos tristes. Continuamos a distanciar-nos da Europa, a manter níveis de abandono escolar e de insucesso que atordoam qualquer cidadão. E, pior ainda, a não querer aprender com os outros!
Daqui a dez anos estaremos pior do que hoje, se continuarmos assim.
E dói muito, mesmo muito, ver tantos professores profissionalizados desempregados, sabendo TODOS NÓS que as escolas precisam de desdobrar turmas em Matemática, Português ou Inglês; que os alunos problemáticos assim continuarão, peturbando as turmas, não sendo apoiados nem integrados, até ao abandono e integração em qualquer gangue, bando ou quadrilha, como acontece nas periferias das grandes cidades.
O barato sai caro, diz o ditado.