12.9.03

Poema do Dia (3)

ROMPER DO DIA NO ALABAMA


Quando for compositor
vou compor uma música sobre
o romper do dia no Alabama
E vou lá pôr as canções mais belas
que se elevem do chão como a névoa dos pântanos
e que caiam do céu como o orvalho leve
E vou lá pôr árvores altas altas
e o perfume das agulhas de pinheiro
e longos pescoços vermelhos
e caras cor de papoila
e grandes braços castanhos
e olhos de malmequer
de gente negra e branca negra branca negra
e vou lá pôr mãos brancas
e mãos negras e mãos castanhas e amarelas
e mãos de terra de barro vermelho
que toquem em toda a gente com dedos amigos
e que se toquem entre si simples como o orvalho
nessa aurora de música quando eu
for compositor
e escrever sobre o romper do dia
no Alabama


( Langston Hughes, 1959, in "Também eu sou a América, poemas de escritores negros norte-americanos", tradução de Hélio Osvaldo Alves, Guimarães, Pedra Formosa, 1997)

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