6.3.06
GUANTÁNAMO
Falar do campo de Guantánamo como um "buraco negro legal" nunca será de mais. A AMNISTIA INTERNACIONAL, a ONU ou a UE continuam a pedir o seu encerramento.
O PÚBLICO de hoje tem dois artigos de opinião que vale a pena ler.
O primeiro, intitulado "A Verdade acerca de Guantánamo", escrito pelo embaixador dos EUA em Lisboa, é a "voz do dono". Escreve como se Guantánamo fosse um serviço à Humanidade e chega ao ridículo de afirmar que "os detidos em Guantánamo são alimentados três vezes por dia, de acordo com os seus requisitos dietéticos." Pasme-se, não fosse este um caso infame de desrespeito pelos Direitos Humanos e pela Convenção de Genebra. São "terroristas" mas nenhum tribunal os definiu como tal e estão à margem da Convenção de Genebra porque "não é aplicável aos terroristas da Al Qaeda, que é um grupo terrorista internacional - não um Estado - e não assinou essa convenção." Aonde pode chegar a infâmia e a indignidade de quem mantém prisioneiros sem julgamento, sob tortura e em condições totalmente obscuras!
O outro artigo, intitulado "Encerrar (ou não) Guantánamo Bay", foi escrito por Carlota Pizarro Almeida, assistente da Faculdade de Direito da UL, e levanta as questões fundamentais: o "saber baseado em qualquer mecanismo que não pertence ao sistema legal pois que os indidíduos em causa não foram condenados, nem sequer julgados e, já agora, nem sequer acusados"; e o outro argumento americano de que"os ditos terroristas dispõem de informações (...) que persistem maldosamente em não revelar (apesar dos tratos de polé)",como se a Al Qaeda se mantivesse igual, com os mesmos esconderijos,etc. E a conclusão: "Mantenham Guantánamo aberto, como uma chaga visível que não nos deixa esquecer a doença."
Reflectir sobre este "buraco negro legal" aparece-nos assim como um dever cívico perante esta infâmia aviltante para toda a Humanidade.
# colocado por AAA Ã s: 9:08 da tarde
