15.2.06

O MINHO





Regresso a casa, ao lugar sempre verde, onde vive a mãe.
Percorro os campos onde cresce o milho - rodeados de árvores
por onde as videiras sobem até ao mais alto ramo e há uma escada
de vinte e dois degraus que, nas vindimas, chega ao cacho negro
que toca as nuvens; - e a cesta de vime desce presa a uma corda
que torna, torna, ao grito do vindimador escondido nas ramagens.

Há líquidos que o percorrem: - rios das montanhas para os vales,
pequenos ribeiros que alimentam as hortas e os lameiros.
Por entre as ervas, ao lado dos choupos ou dos ulmeiros,
seguem os regatos de água fresca - veias percorrendo um corpo
vegetal, sempre verde, navegando à sombra negra das raízes.

Como uma festa que é preciso demorar - ou uma flor frágil que
é necessário proteger dos grandes ventos - o Minho é uma terra
presa ao granito , verde e tenra, azul e áspera, com montanhas
e vales, mar e dunas - que a Galiza prolonga, como irmã ferida
que um rio ainda separa - um nome igual para tocar a margem.

A noroeste da Europa, respira um corpo de séculos acumulados
- com ventos marítimos que o trespassam nos dias de sombra
ou com sopros tranquilos à tona das águas - brisas brandas
nas folhas das ervas, murmúrios leves nos tanques de pedra
onde a água flui, ao lado da sombra dos jarros e das ramadas.

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