10.5.05
FEDERICO GARCÍA LORCA
OFÍCIO DE AMOR E SANGUE
(Para Federico García Lorca)
Guardavas alguns segredos, ninhos de pássaros novos
Sabias alguns caminhos que levam calor à terra
Mas o fogo levou brisas, foi-se o perfume das chuvas
Guardas quebraram guitarras, lacraus lamberam feridas
Se no alto da Giralda, crescesse uma rosa azul
Cantarias, outra vez, amêndoas, luas, areias
Figueiras, pássaros, peixes, tanques, cavalos e búzios
Espectros na sombra dos muros ou escondidos nas ameias
Granada, Sevilha, Córdova, - um labirinto de sangue -
Olivais de Andaluzia, águas do Guadalquivir
Ciganos, bandeiras brancas, suspensas no laranjal
Borboletas apresadas, no meio do temporal
Vamos cantar, cavaleiro, a noite de quatro luas
Já adormecem os ramos, entre o verde que te quero
Recolheram os perfumes as papoilas andaluzas
Vamos cantar, Federico, o dia dos quatro sóis
A luz surpreende a cal. A argila perturba os vales
A água está de ouro, ainda, a caminho de Sevilha
Firmino Mendes
Federico García Lorca
Nasce, em 5 de Junho de 1898, em Fuente Vaqueros (Granada, España).
Fuzilado, em Víznar, Granada, em 19 de Agosto de 1936, um dia depois do levantamento militar franquista contra o governo da República.
Para a sua morte, este poema de António Machado:
Se le vio, caminando entre fusiles
por una calle larga,
salir al campo frío,
aún con estrellas, de la madrugada.
Mataron a Federico
cuando la luz asomaba.
El pelotón de verdugos
no osó mirarle a la cara.
Todos cerraron los ojos;
rezaron: ¡Ni Dios te salva!
Muerto cayó Federico
sangre en la frente y plomo en las entrañas
Que fué en Granada el crimen,
sabed, !pobre Granada!, en su Granada.
Antonio Machado
Granada