18.1.05
A CRUZADA OCIDENTAL
O OUTRO TSUNAMI
por John Pilger
Os cruzados ocidentais, Estados Unidos e Grã-Bretanha, estão a dar às vítimas do tsunami uma ajuda inferior ao custo de um bombardeiro Stealth ou de uma semana da sangrenta ocupação do Iraque. O gasto com a festa da próxima posse de George Bush reconstruiria grande parte da linha costeira do Sri Lanka.
Bush e Blair aumentaram as suas primeiras gotas de "ajuda" só quando ficou claro que os povos de todo o mundo estavam espontaneamente a oferecer milhões e que se anunciava um problema de relações públicas. A actual "generosa" contribuição do governo de Blair é um dezasseis avos dos 800 milhões de libras gastos com o bombardeamento do Iraque antes da invasão e cerca de um vigésimo da doação de 1 milhão de libras, conhecida como empréstimo suave (soft loan), ao militares indonésios a fim de que pudessem adquirir caças-bombardeiros Hawk.
Em 24 de Novembro, um mês antes do abalo do tsunami, o governo Blair deu o seu apoio a uma feira de armas em Djakarta "destinada a preencher a necessidade urgente de as forças armadas [indonésias] reverem as suas capacidades de defesa", relatou o Jakarta Post. Os militares indonésios, responsáveis pelo genocídio no Timor Leste, assassinaram mais de 200 mil civis e "insurrectos" em Aceh. Entre os expositores na feira de armas estava a Rolls-Royce, fabricante dos motores para os Hawks, os quais, juntamente com os veículos blindados Scorpion fornecidos pela Grã-Bretanha, metralhadoras e munições, estavam a aterrorizar e matar o povo em Aceh até ao dia em que o tsunami devastou a província.
O governo australiano, actualmente a cobrir-se de glória com a sua modesta resposta ao desastre histórico acontecido aos seus vizinhos asiáticos, treinou secretamente as forças especiais da Indonésia, Kopassus, cujas atrocidades em Aceh estão bem documentadas. Isto está em conformidade com os 40 anos de apoio australiano à opressão na Indonésia, notavelmente com a sua devoção ao ditador Suharto enquanto as suas tropas ensanguentavam um terço da população do Timor Leste.
O governo de John Howard - notório pelo seu aprisionamento de crianças, que procuravam asilo - está actualmente a desafiar o direito marítimo internacional ao negar a Timor Leste o que lhe é devido em royalties do petróleo e do gás, cujo valor monta a US$ 8 mil milhões. Sem esta receita, Timor Leste, o país mais pobre do mundo, não pode construir escolas, hospitais e estradas ou proporcionar trabalho ao seu jovem povo, 90 por cento do qual está desempregado.
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Este artigo pode ler na íntegra nos endereços:
O original encontra-se em http://pilger.carlton.com/print e em
The New Statesman, edição de 10/Jan/2005.
Este artigo encontra-se em http://resistir.info/
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