21.5.04
GUIMARÃES
NO LARGO DA OLIVEIRA
Por entre arcos de cinza, passa a luz
de séculos e séculos de história.
Vêm de longe as pedras e a memória
toca o centro do burgo, um sorriso
nunca encontrado, uma rede de ar
brincando por dentro das coisas.
Uma linha de musgo no castelo:
cidade de água e sombra, pedra e luz,
coada pelos montes em redor.
A cidade ou o tempo: quem seduz?
Sentado neste chão da Oliveira,
respirando mais fundo para saber,
reconheço a pedra a céu aberto.
Firmino Mendes, A Terra e os Dias, Guimarães, Pedra Formosa, 2000.
"Regresso a casa, ao lugar sempre verde, onde vive a mãe.
Percorro os campos onde cresce o milho - rodeado de árvores
por onde as videiras sobem até ao mais alto ramo e há uma escada
de vinte e dois degraus que, nas vindimas, chega ao cacho negro
que toca as nuvens: - e a cesta de vime desce presa a uma corda
que torna, torna, ao grito do vindimador escondido nas ramagens."
Firmino Mendes, in "A Terra e os Dias", Guimarães, Pedra Formosa, 2000