29.4.04
UM POEMA PARA ABRIL
Eu sou daqui destas marés íngremes preia-mar de rosas
Abril vi cantar leda madrugada às raparigas frondosas
Às raparigas e às mulheres cegando o vento das enseadas
Abril frescas ribeiras sonho arável do sonho ruas amuradas
Amuradas murmúrios nessas bagas d'anil era o fogo alteado
Abril punhos ao alto podoas que o mar no tejo tinha secado
O mar as lezírias do mar com todas as velas postas de lado
Abril rimas ao ombro réstias sou tamborileiro sou soldado
Sou soldado ou hortelão de navios o que for seja o que seja
Abril torno do povo irmão cativo de maio anel que cereja
Eu sou daqui destas marés íngremes preia-mar de rosas
Abril ouvi cantar leda madrugada às raparigas saudosas.
Rui Mendes
in POEMABRIL, Antologia de Poesia Portuguesa , 2ª edição,
Fora do Texto,1994 ,Coimbra, PORTUGAL