27.4.04

OS ÚLTIMOS PRESOS LIBERTADOS




Francisco Martins Rodrigues, Francisco Viegas Aleixo e Rui D'Epinay










HÁ 30 ANOS, ERAM LIBERTADOS OS ÚLTIMOS PRESOS POLÍTICOS!

Vale a pena reler "O Século":

O SÉCULO Lisboa · Domingo, 28 de Abril de 1974



Peniche: os últimos presos libertados

Francisco Martins Rodrigues, Francisco Viegas Aleixo e Rui d'Espinay
Dos 34 detidos de Peniche, libertados ontem de madrugada,- como O SÉCULO noticiou- foram soltos sob compromisso escrito de se manterem em residências fixas na casa dos advogados que constituíram a Comissão de Libertação da Junta ida à Fortaleza.

Todavia por decreto comunicado aos interessados, pelo major Azevedo, ontem, às 20 e 45, foi-lhes concedida a liberdade total.

Os três últimos amnistiados são, pois, o dr. Francisco Martins Rodrigues, de 46 anos, Rui Carvalho d´Espinay, de 31, e Francisco Viegas Aleixo, de 59.

Os dois primeiros, membros da F.A.P., foram condenados a pena maior de 19 e 17 anos, por terem sido os autores da morte do agente de Segurança Mário Mateus, em Outubro de 1965.

O terceiro elemento da L.U.A.R., que participou no assalto ao «Santa Maria», com Henrique Galvão, e também na tentativa de ocupação da cidade da Covilhã, com Palma Inácio, em Agosto de 1968, estava condenado a 19 anos.

Ontem, em Peniche, estes três ex-presos políticos foram libertados, sob custódia, às 3 da madrugada, numa operação que teve início às 23 de anteontem, com a chegada da Comissão designada pela Junta de Salvação Nacional.

Mais capturas de agentes da D.G.S.

Cerca das 17.30, no Rossio, foi reconhecido um vigilante da Cidade Universitária (e agente da D.G.S.). Agredido por dezenas de populares, o homem só não foi linchado, graças à intervenção de dois soldados que o conduziram para uma ambulância. O vigilante, que tem 30 anos, ficou internado no Hospital S. José, sob prisão.

No momento em que a ambulância o deixava no banco, verificava-se ali um grande tumulto. Na verdade, havia sido detectado outro elemento da extinta corporação da Rua António Maria Cardoso. Armado com uma pistola Star e uma navalha de ponta-e-mola, o indivíduo- porteiro do Hospital S. José - escondeu-se no interior do edifício. Entre outras actividades, apontam-lhe o facto de, recentemente, ter denunciado um ex-militar que, numa conversa, discordara da continuação da guerra de África.

A Polícia Militar encarregou-se da detenção. Inicialmente alguns funcionários do Hospital mostraram-se renitentes em indicar o local onde o porteiro estava escondido, o que provocou a indignação de várias pessoas.

Por outro lado, ontem, às 16 horas, renderam-se o chefe e todos os agentes da D.G.S. de Beja, incluindo os que prestavam serviço no posto fronteiriço de Vila Verde de Ficalho. Depois de terem sido revistados e desarmados, ficaram no quartel do Regimento n.º 3, sob a vigilância do comandante Romão Loureiro.











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