18.12.03
Cobra
E então vinha a baforada do estio como se abrissem uma porta
defronte do ar redondo. Também se enredava o outono
nos pulmões das casas. E guardava-se o veneno
nas arcas, a roupa onde
se trava o brilho. O inverno fazia
um remoinho nas câmaras, seus buracos expulsavam nebulosas
para as ininterruptas passagens
cinematográficas.
Um dia a primavera era cruel
como um coral de pérolas.
(Herberto Helder, in Cobra, Lisboa, & etc, 1977, p. 25)
defronte do ar redondo. Também se enredava o outono
nos pulmões das casas. E guardava-se o veneno
nas arcas, a roupa onde
se trava o brilho. O inverno fazia
um remoinho nas câmaras, seus buracos expulsavam nebulosas
para as ininterruptas passagens
cinematográficas.
Um dia a primavera era cruel
como um coral de pérolas.
(Herberto Helder, in Cobra, Lisboa, & etc, 1977, p. 25)