11.12.03

António Bronze

De Moçambique para Ferragudo, com as artes a tiracolo, fica a memória de António Bronze, falecido no último fim-de-semana. Ceramista e pintor, deixa-nos tocados pela simplicidade permanente, pelo ar simplicíssimo, pela voz cava, sempre baixa, como quem não sabia o que era o ruído. Da visita a sua casa, no último Verão, vendo o que tinha entre mãos, as suas obras acabadas e inacabadas, fica um espaço ferido. E da marginal de Ferragudo, fica-nos o jantar ao pôr-do-sol, o peixe grelhado pelo empregado ucraniano, o sorriso maroto. Não sabendo que era a última vez, depois de tantos anos com incertos encontros. Mas é assim a vida. E também tu, Bronze, deixaste de ser visto. Apenas.

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