10.11.03

Cunhal

Faz hoje noventa anos. Merece um ramo de cravos vermelhos, apesar de tudo. Resistiu, deu voltas ao fascismo, foi preso, lutou sempre pela liberdade de Portugal e das colónias. Também foi cúmplice das atrocidades estalinistas, das ditaduras marxistas-leninistas ( com hífen! ). A ortodoxia colocou-o ao lado dos dogmáticos. Não há dúvida de que o "socialismo real" não mora na China nem na Coreia do Norte, em Cuba ou no Vietname, como, ainda hoje, para espanto nosso, diz "acreditar". Pobreza sem Liberdade, Repressão sem Democracia, Miséria para o Povo... não foi isso que o Álvaro Cunhal pensou defender mas defendeu e defende. Os seus escritos perdurarão como documentos. Os seus desenhos perdurarão como retratos de uma época de chumbo. Como custa escrever sobre um homem coerente, íntegro, mas intolerante e dogmático! De qualquer modo, uma saudação. Cá estaremos para festejar os cem anos!

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