9.10.03
O Poema do Dia
Dizem que há poemas que nos salvam. Ou versos. O que parece é que a beleza passa pelas palavras. Ou a construção de mundos. Tão dentro. Tão de maravilha arquitectados. Tão próximos de um original universo.
A poesia de Herberto Helder inscreve-se nessa linha de radiações que nos enterra no fogo das esferas. Nos queima. Nos envolve. Como esta peça de "Última Ciência" :
Se perguntarem: das artes do mundo ?
Das artes do mundo escolho a de ver cometas
despenharem-se
nas grandes massas de água: depois, as brasas pelos
recantos,
charcos entre elas.
Quero na escuridão revolvida pelas luzes
ganhar baptismo, ofício.
Queimado nas orlas de fogo das poças.
O meu nome é esse.
E os dias atravessam as noites até aos outros dias, as
noites
caem dentro dos dias - e eu estudo
astros desmoronados, mananciais, o segredo.
A poesia de Herberto Helder inscreve-se nessa linha de radiações que nos enterra no fogo das esferas. Nos queima. Nos envolve. Como esta peça de "Última Ciência" :
Se perguntarem: das artes do mundo ?
Das artes do mundo escolho a de ver cometas
despenharem-se
nas grandes massas de água: depois, as brasas pelos
recantos,
charcos entre elas.
Quero na escuridão revolvida pelas luzes
ganhar baptismo, ofício.
Queimado nas orlas de fogo das poças.
O meu nome é esse.
E os dias atravessam as noites até aos outros dias, as
noites
caem dentro dos dias - e eu estudo
astros desmoronados, mananciais, o segredo.