29.9.03
Elia Kazan
A morte do realizador de cinema Elia Kazan, ocorrida ontem, em Nova Iorque, leva-nos à maravilha de alguns dos mais belos filmes do século XX. Quem não lembrará "Viva Zapata", "A Leste do Paraíso", "Há Lodo no Cais", América, América", "Esplendor na Relva" ou "Gata em Telhado de Zinco Quente" ? Nem tudo é preto, nem tudo é branco. À beleza dos filmes, opomos uma mancha que tocou a dignidade deste homem, agora falecido, com 94 anos: nos anos negros do mccartismo e do "seu" vergonhoso "Comité de Actividades Antiamericanas" (anos 53-54,sobretudo), mais conhecido por Comité de Caça às Bruxas, Kazan denunciou 8 dos seus companheiros como fazendo parte do Partido Comunista Americano. Esta mancha permaneceu. Kazan escreveu na sua autobiografia ( 1988): "essa coisa horrível, imoral, foi por vontade própria". Pelo menos, reconheceu o seu papel de delator. Mesmo os grandes homens, às vezes, cometem erros e crimes imperdoáveis. Esta é a condição humana.