31.5.05
ESCORBUTO E SAUDADE
Apetece estar longe, correr para Sul, acostar num porto de saída. Como Lagos ou Sagres. E deixar parar o tempo.
Estar assim, frente ao mar, sentindo o vento de Maio na pele marítima, entre calcários partidos e aromas de amêijoas, pode ajudar a tocar a intemporalidade.
A França trouxe a síndroma dos naufrágios.
A Europa procura agora uma tábua de salvação.Parece próxima de todos os abismos.
Portugal, atolado no pântano do interminável défice, parece doente, avitaminado, com escorbuto e saudade.
Resta o vento, esta lisura das valvas das conquilhas, esta maresia que não passa da praia onde estar só é sonho vivo, longe das catástrofes.