11.2.05
Mas Onde Estão os Homens?
BALADA PARA OS POETAS ANDALUZES DE HOJE
Que cantam os poetas andaluzes de agora?
Que olham os poetas andaluzes de agora?
Que sentem os poetas andaluzes de agora?
Cantam com voz de homem, mas onde estão os homens?
Com olhos de homem olham, mas onde estão os homens?
Com peito de homem sentem, mas onde estão os homens?
Cantam, e quando cantam parece que estão sós.
Olham, e quando olham parece que estão sós.
Sentem, e quando sentem parece que estão sós.
Será que a Andaluzia já não tem ninguém?
Que nos montes andaluzes já não há ninguém?
Que nos mares e campos andaluzes não há ninguém?
Já não haverá quem responda à voz do poeta?
Quem olhe o coração sem muros do poeta?
Tantas coisas morreram, que só resta o poeta?
Cantai alto. Ouvireis que outros ouvidos ouvem.
Olhai alto. Vereis que outros olhos olham.
Pulsai alto. Sabereis que outro sangue palpita.
Não é mais fundo o poeta em seu escuro subsolo
encerrado. O seu canto ascende ao mais profundo
quando, solto no ar, já pertence a todos os homens.
Rafael Alberti (1902-1999).
Poeta Espanhol e último sobrevivente do "Grupo de 27". Participou activamente na Guerra Civil de Espanha pelos Republicanos e teve que se exilar posteriormente (em1939), em França, seguindo-se a Argentina e em Roma nas décadas de 60 .Vencedor do Prémio Cervantes em 1983. Deixou uma vastíssima obra literária, hoje traduzida em muitas línguas, no mundo inteiro.
(P.S. Para fugir à demagogia reinante, fazendo um exercício de permuta - Andaluzia/Portugal.
Para esquecer o asco que rodeia Santana Lopes e Paulo Portas.)
Comments:
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Olá, eu já conhecia esse poemas na sua versão espanhola e também o acho lindissimo. Gostava só de saber se sabes qual o seu nome original e se existe nalguma colectânea. Obrigada
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