26.12.03

A Dança das Passagens

Parecia assim: dois golfinhos tocando o céu, quase azul contra azul, quase passando para um outro lado. Depois, caíam ou regressavam. E saltavam, de novo, contra o azul. Re petiam gestos, posturas, mudando, apenas, o brilho da pele, mais luminoso, mais cinzento, mais azul. Assim, as passagens: agora, um solstício de Inverno; mais logo, um equinócio da Primavera; depois, um solstício de Verão; finalmente, o fecho de mais um ciclo com mais um equinócio de Outono. A repetição ou as águas do mesmo rio de Heraclito.
Mesmo assim, a diferença: os golfinhos fogem para o mar, vagueiam, procuram comida, procriam, têm filhos. E dançam. E cantam. E comunicam. E talvez amem, como nós. Ou talvez chorem por não ouvirem orquestras nem poderem escrever poemas para a eternidade.

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