15.1.04

Museu do Chiado




Uma proposta para o fim-de-semana que se aproxima: ir visitar o Museu do Chiado Em Sítio Algum, de Ângela Ferreira.


Ângela Ferreira nasceu em Maputo, Moçambique, em 1959, e divide a sua vida entre a África do Sul e Portugal. A sua dupla nacionalidade levou vários curadores a incluírem-na em exposições colectivas nas cenas artísticas de ambos os países. Uma natural facilidade em negociar questões entre culturas tornou-se o cenário da sua vida.
Após a graduação na Cidade do Cabo, muda-se para Lisboa onde se torna uma das artistas mais relevantes da geração que surge no princípio dos anos 90. Entre estes artistas, Ângela Ferreira foi a única a lidar com a história colonial portuguesa, no entanto as questões levantadas pelo seu trabalho não se confinam às especificidades históricas locais, mas direccionam-se para uma realidade mais ampla, onde a relação histórica entre a cultura Ocidental e outras periféricas ou semi periféricas tem lugar sob diferentes configurações. É nesta zona de fronteira indefinida que conflitos políticos ou ideológicos se revelam através de objectos ou projectos pertencentes a um sujeito ou uma comunidade, enquanto questões inesperadas produzidas pelo desejo de contornar a ideologia global do Tardo-capitalismo ocidental.
Desde o princípio dos anos 90 que o trabalho de Ângela Ferreira dá especial atenção aos processos urbanísticos envolvidos na vida quotidiana e à forma como diferentes ordens culturais se sobrepõem no seu interior. A base escultórica efectiva do seu trabalho permite-lhe focar algumas estruturas relacionadas com detalhes arquitectónicos e compreender o conflito entre o seu uso e os valores ideológicos que elas acarretam.
Ângela Ferreira. Em Sítio Algum é o título da exposição que o Museu do Chiado – MNAC inaugura a 23 de Outubro, primeira exposição antológica na carreira da artista, é uma apresentação abrangente e aprofundada do trabalho de Ângela Ferreira, com especial atenção sobre a sua relação com aspectos políticos e urbanísticos. Inclui 11 trabalhos produzidos entre 1992 e 2003, como Emigração (1994), Amnésia (1997), Zip Zap Circus School (2000-2002) ou Duas Casas (2001) e um novo trabalho inédito.
A exposição é acompanhada por um catálogo bilingue, em português e inglês, com c. de 160 páginas. Nele são publicados dois ensaios: um da autoria de Pedro Lapa, curador da exposição, um estudo intensivo da obra da artista; o outro de Andrew Renton, descobre significações subtis e determinantes do trabalho da artista. 19 trabalhos de Ângela Ferreira, de Sites and Services (1991-1992) a Cape Town Film Festival (2003), são tratados através de fichas técnicas actualizadas, sinopses e várias imagens a cores.

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