31.5.04

POEMA DO FIM DE MAIO










O TEMPO DE MAIO
Maio é o tempo da perfeita harmonia.
Trajado de negro, mal rompe a luz
O melro canta uma canção de clara alegria.
Nos campos se abraçam as flores e as cores.



O cuco saúda o verão majestoso com galhardia.
Passou o tempo dos dias ruins, a brisa é doçura.
No bosque as árvores de folhas se vestem
E se foram nuas agora são sebe de verde espessura.



O verão vem chegando e corre sem pressa a água do rio.
Manadas ligeiras nas águas mansas a sede saciam.
Na encosta dos montes se espalha o azul do cabelo da urze.
E frágil e branca se abre a flor do linho silvestre.



A pequena abelha, de fraco poder, carrega em seus pés
Rica colheita oculta em flores. O gado pasta na erva tenra
Dos verdes prados. Na sua tarefa não há fadiga
A formiga vai e depois vem para logo ir e nunca parar.



Nos bosques a harpa tange melodias, música de paz
Que acalma a tormenta que o lago agitara.
E o barco balouça de velas dormidas
Envolto na bruma da cor das flores do tempo de Maio.


ANÓNIMO
(Cultura celta; irlandês; Séc. IX-X)

(in "Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro",
Tradução de José Domingos Morais)










POEMA DO DIA









«Adormeceste?»
«Não», dizes.


Flores em Maio
Florindo ao meio-dia.


Na relva junto ao lago,
Ao sol,
«Podia fechar os meus olhos
E morrer aqui», dizes.


MIKI ROFU (1889-1964)

(in "Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro",
Tradução de José Alberto Oliveira)









APAGADA E VIL TRISTEZA





Nesta apagada e vil tristeza,
neste lugar em que um governo põe o país em saldo,
rouba os mais pobres e desemprega quem quer trabalhar,
vale a pena rir um bocado, para não cair na depressão mais profunda
em que nos querem enterrar.


"Antes de ser criada a Justiça, o mundo era injusto."
Celeste Cardona

"A Segurança Social assegura o direito à enfermidade colectiva."
Bagão Félix

"O objectivo de uma Sociedade Anónima é ter muitas fabricas desconhecidas."
Tavares Moreira

"Os estuários e os deltas foram os primitivos habitantes da Mesopotâmia."
Isaltino de Morais

"Na Grécia, a democracia funcionava muito bem porque os que não estavam de acordo envenenavam-se."
Paulo Portas

"As múmias tinham um profundo conhecimento de anatomia."
Luís Filipe Pereira

"A diferença entre o Romantismo e o Realismo é que os românticos escrevem romances e os realistas nos mostram como está a situação do país."
Pedro Roseta

"A arquitectura gótica notabilizou-se por fazer edifícios verticais."
José António Saraiva

"A febre amarela foi trazida da China por Marco Polo."
Durão Barroso

"A harpa é uma asa que toca."
Marques Mendes

"O problema fundamental do terceiro mundo é a superabundância de necessidades."
João de Deus Pinheiro

"Péricles foi o principal ditador da democracia Grega."
Telmo Correia

"Os Egípcios antigos desenvolveram a arte funerária para que os mortos pudessem viver melhor."
Pedro Santana Lopes

"O Sol dá-nos luz, calor e turistas."
José Manuel Fernandes










28.5.04

BLOCO DE ESQUERDA






Começa hoje a campanha eleitoral para o Parlamento europeu.
O blogue SOPA DE NABOS, coerentemente com as posições que tem assumido, está com o BLOCO DE ESQUERDA.






27.5.04

POEMA DO DIA








A PALAVRA


A palavra é uma estátua submersa um leopardo
que estremece em escuros bosques, uma anémona
sobre uma cabeleira. Por vezes é uma estrela
que projecta a sua sombra sobre um torso.
Ei-la sem destino no clamor da noite,
cega e nua, mas vibrante de desejo
como uma magnólia molhada. Rápida é a boca
que apenas aflora os raios de uma outra luz.
Toco-lhe os subtis tornozelos, os cabelos ardentes
e vejo uma água límpida numa concha marinha.
É sempre um corpo amante e fugidio
que canta num mar musical o sangue das vogais


ANTÓNIO RAMOS ROSA (1924)

(in "Acordes", 1989)




BIBÒ PORTO






Gostaria de ter mais cores para esta festa
de saber um país desperto
apesar de um governo vergonhoso

É que esta vitória adormece e faz pensar
nos que moram na cave da democracia:
os doentes espoliados pelo Bagão

os militares comidos pelo Portas
os médico auscultados por um ministro-não-sei-quê
os desempregados sem abono do Félix-o-mesmo

E todo um país sem auto-estima, calcado e mordido
por um insecto caluniador (a voz dos vencidos)
e atravessado por um canto de cobardia e suicídio












26.5.04

Antimemória com Funchal






ANTIMEMÓRIA COM FUNCHAL

ao Manuel Freire

havia asas pelo corpo sobre os mapas do mar
e a coberto da ilha e da espada cravada
no mais distante rochedo de qualquer praia
de súbito matou a sua primeira gaivota

a guerra aproximava-se do fim era junho
e nunca mais colaria à casa submersa
persianas corridas rendas de latas verdes
que o homem da música lhe traria numa caixa

morria-se de dentes podres deslizando montes
alguns silêncios se descobriam pelas mãos
e os olhos adoeciam noutra costa distante
de barcos e de redes de rostos encardidos

sem saudade nem reconhecimento do luto
moviam-se as raízes sobre as águas lodas
suposto país que se formara no profundo
e aí reinava o inventado el-dom sebastião


JOSÉ VIALE MOUTINHO (1945)

(in "As Portas Entreabertas», prefácio de João Rui de Sousa, 1991)

*
José Viale Moutinho, escritor e jornalista, com vasta obra publicada nos mais diversos géneros literários, nasceu no Funchal,em 1945. Antigo «grande repórter» no Porto, na redacção do «Diário de Notícias» de Lisboa, deixou a profissão para dedicar-se à literatura em exclusividade, tendo conquistado diversos e prestigiados prémios dentro e fora de Portugal.







25.5.04

PERDER A MEMÓRIA





O discurso de G.W.Bush anunciando a demolição da prisão de Abu Ghraib, onde era praticadas torturas, antes, pela polícia saddamista e, depois, pelos militares americanos, representa, de certo modo, uma ignóbil esponja sobre os crimes. A vergonha é tanta que mais vale arrasar este lugar de ignomínia, para que ninguém mais se lembre das atrocidades que nós ali praticamos (pensa Bush e sequazes). Banir a Memória, como fez Staline e tantos outros ditadores.

Imaginemos que eram arrasados os campos de concentração nazis,os fortes de Peniche e Caxias, os entrepostos de escravos, e mil outros lugares onde se praticaram crimes hediondos contra a humanidade. Alguém descansará ou pensará descansar. Queiramos ou não, não esqueceremos!


E, afinal, até há mais campos, para além de Abou Ghraib: o Tiger Camp, perto da fronteira síria, o aeroporto de Bagdade, o de Oum Qasr, no Sul... E Guantánamo, essa campo de não-direito e de terror, também não demolido, onde mora a vergonha mais infame? E os campos do Afeganistão? E todos os lugares de sevícias que ferem a humanidade?





E ainda haverá quem pense que o mundo está mais seguro e que o terrorismo foi realmente combatido?
Leia-se o PÚBLICO de hoje
:

"A Al-Qaeda, rede de Osama bin Laden, continua operacional e estima-se que tenha células em mais de 60 países com 18 mil potenciais terroristas, sendo que a sua determinação foi reforçada com a guerra no Iraque, conclui o relatório de 2004 do britânico International Institute for Strategic Studies (IISS), apresentado hoje em Londres."












EDUCAÇÃO RODOVIÁRIA





S T O P

Ia de carro com o meu filho mais novo, o João. Visto que a estrada estava livre, passei um STOP sem parar. Curioso como sempre, o João perguntou-me:
– Que quer dizer este sinal?
Se Tens Olhos, Pára – respondi eu.
Fingindo-se aflito, olhou para mim e exclamou:
– Oh, papá, estás cego e eu não sabia!









24.5.04

GUIMARÃES



Fotografia de Carlos Pinto Coelho






Depois de uns dias passados em Guimarães, com passagens pela Escola B. 2.3 Abel Salazar, em Ronfe,para duas acções de formação, e passagem, ainda, pelos óptimos restaurantes da casa dos meus irmãos e pelo "ETC",na cidade,e "Olívia", em Brito, eis-me regressado à imagem da Praça da Oliveira,saboreando o cheiro a luz e a pedra daquele quase umbigo do mundo. Sem esquecer os momentos no "Convívio" e na Cervejaria Martins. Uma festa de amigos.

Não tivesse Guimarães uns arredores desarrumados, sem qualquer ordenamento estético, e seria outra coisa, entre beleza e alegria. Infelizmente, também ali nidificam "patos-bravos".




Fotografia de Carlos Pinto Coelho









Michael Moore











Gosto do Michael Moore e gostei da Palma de Ouro do Festival de Cannes, atribuída ao seu filme "Fahrenheit 9/11".Por ser o melhor filme apresentado a concurso, segundo o júri, presidido por Tarantino, e por ser uma bofetada nos belicistas bushianos.

E prefiro escrever sobre um estrangeiro com consciência planetária do que perder-me nas bafientas memórias de um congresso do PSD que nem aquenta nem arrefenta. Também Portugal merece melhor. Só é pena que não tenhamos um cineasta à altura de Michael Moore.











21.5.04

O TEMPO DOS ASSASSINOS









Arrepia.
Este é o tempo dos assassinos.








O TEMPO DOS ASSASSINOS.





GUIMARÃES





NO LARGO DA OLIVEIRA

Por entre arcos de cinza, passa a luz
de séculos e séculos de história.
Vêm de longe as pedras e a memória
toca o centro do burgo, um sorriso
nunca encontrado, uma rede de ar
brincando por dentro das coisas.

Uma linha de musgo no castelo:
cidade de água e sombra, pedra e luz,
coada pelos montes em redor.

A cidade ou o tempo: quem seduz?
Sentado neste chão da Oliveira,
respirando mais fundo para saber,
reconheço a pedra a céu aberto.


Firmino Mendes, A Terra e os Dias, Guimarães, Pedra Formosa, 2000.





"Regresso a casa, ao lugar sempre verde, onde vive a mãe.
Percorro os campos onde cresce o milho - rodeado de árvores
por onde as videiras sobem até ao mais alto ramo e há uma escada
de vinte e dois degraus que, nas vindimas, chega ao cacho negro
que toca as nuvens: - e a cesta de vime desce presa a uma corda
que torna, torna, ao grito do vindimador escondido nas ramagens
."

Firmino Mendes, in "A Terra e os Dias", Guimarães, Pedra Formosa, 2000







20.5.04

Em GAZA





Continuam os crimes israelitas, sob o comando de Sharon. Em dois dias, mais de 40 palestinianos mortos. É o massacre, em nome da defesa ou da luta contra o terrorismo. Tudo serve para esmagar, sem qualquer respeito pelos direitos humanos. Desta vez, também a ONU condenou estes assassínios.

Custa a crer como um povo que já foi esmagado pode, agora, esmagar outro, matando inocentes, vingando-se do mal que sofreu. Dói muito. Israel perdeu a cabeça. Falta pouco para ser um estado fascista. Felizmente, ainda há mais de cem mil para marchar pela Paz, como aconteceu, há dias, em Telavive.

Sem princípios,é a barbárie. Em Gaza ou no Iraque, em Guantánamo ou no Afeganistão.
Ainda, a vergonha.



18.5.04

CHORAR





Chorar com os mortos de mais um bombardeamento israelita, em Rafah.
Chorar com os inocentes assassinados, por palestinianos ou israelitas.
Chorar com os todos os mortos e feridos no Iraque, qualquer que seja a sua nacionalidade.
Chorar com os feridos, os torturados, os enlouquecidos.
Chorar com os órfãos, os viúvos e as viúvas, todos os que ficaram mais sós.
Chorar com a estupidez dos responsáveis por tanto mal: Bush, Blair,Sharon, Aznar, Durão, etc., etc., etc., etc., etc., etecétera para todos os cúmplices, apoiantes dos senhores da guerra.




MUSEU DA IMPRENSA





No Dia Internacional dos Museus, uma saudação especial para o Museu Nacional da Imprensa e para a sua Galeria Virtual da Censura, hoje lançada "on-line".








17.5.04

AINDA, A TORTURA





Ainda as torturas presentes, sabendo-se, agora, que Rumsfeld sabia e, mais ainda, que as práticas perversas eram incentivadas e, segundo a New Yorker, que a Convenção de Genebra era "obsoleta".

Ler, ainda, Le Monde, sobre o mesmo assunto.




VIVA O BENFICA!









OITO ANOS DEPOIS, O BENFICA CONQUISTA UMA TAÇA!

DEPOIS DE TANTA SECURA E DE TANTOS JOGOS TÃO MAL JOGADOS,

REAPARECE UM SLB QUE, OXALÁ, POSSA DIGNIFICAR O FUTEBOL PORTUGUÊS,

COMO O FC DO PORTO O TEM FEITO, POR ESSA EUROPA FORA!

A TODOS OS BENFIQUISTAS, UMA SAUDAÇÃO E UM ABRAÇO DE SOFRIMENTO,
PELA MORTE DE FÉHER E DE BRUNO PAIXÃO.





16.5.04

POEMA DO DIA

















POEMA DA VIAGEM AINDA POR FAZER

Devia ir por aí, na frente do sol,
levar-te uma mensagem, um rebuçado
de funcho, um livro com poemas de viajantes,
de marinheiros ou de eremitas urbanos,
contando o silêncio das pedras das ruas,
dos tempos esquecidos das cidades de bruma,
construídas bem juntinho à espuma cansada
do mar, ao calhau preto do vulcão adormecido.

Precisaria de coragem para ir, agarrado
à madeira rija dos barcos antigos, nas mãos
do vento agreste, orientado pelas estrelas
saltitantes dos navegadores de outrora,
obrigatoriamente proibido de olhar para trás,
para o lugar onde construiram as pontes,
abriram estradas, montaram as paredes
das casas rumorejantes, onde as noites
se acolhem, nos abraços dos amantes.

Mas não tenho. Não posso partir. Ainda.
A terra prende-me aos seus sulcos, ao cheiro
das ervas, ao canto dos ribeiros, às sombras
das encostas, ao apelo das montanhas,
aos desenhos coloridos da infância, aos luares
que me bateram à janela, ao roçar dos galhos
das anoneiras nas vidraças. E então sento-me
no muro com vista para as falésias distantes,
com as bandeiras da tarde crepuscular
a decorar o azul das escarpas e da babugem,
a me prender para sempre a pele ao esqueleto
da ilha, no cume exacto onde se encontram
as aves que me conhecem desde os primeiros
olhares que lhes dei, sobre a penedia, lendo
a poesia dos canaviais, com a sua música
verdejante. E adormeço, de novo, calmamente,
por aqui, onde o mundo olvidou a necessidade
prosaica de um dia me procurar, em busca de novas.


José António Gonçalves (inédito. 16.5.04)

15.5.04

"Arbeit Macht Frei"












A Exposição de Nuno Nunes-Ferreira, na Galeria Jorge Shirley, no Largo Hintze Ribeiro (à Rua de S. Bento), transporta-nos para um universo de cinza(s), como se entrássemos num espelho ao contrário daquele de Alice: um espelho para a secura, para a cremação.

Nestas obras,onde a beleza tem a leveza do tempo parado,a floresta deixa ver as árvores, aqui e ali povoadas por signos e presenças,como se a memória nunca se extinguisse e estivesse sempre indelevelmente presente.

Estamos perante uma narrativa que vive de uma grande metáfora: podemos, facilmente, substituir o "campo" pela floresta ou as árvores pelos "cremados" no Holocausto.

E, neste "campo", onde "o trabalho liberta",vivem as imagens do "pós-incêndio".

Esta é uma pintura de grandes silêncios.
Como se o Universo se calasse para podermos entrar no interminável poço da memória.
Porque também é de um manifesto que se trata:
"Esquecer? Nunca mais!"

Até 19 de Junho, há um espaço para este encontro com a memória. Vale a pena entrar na floresta.Ou neste labiríntico campo onde os pontos de fuga vivem das alturas.
Como as nuvens.
Ou os lugares do fumo.
Ou dos olhos.





12.5.04

A.I. CONTRA A TORTURA

ACTUE!

10.5.04

MULHER










Comove-me esta mulher do Quénia
vinda do fundo da noite, encostada
à sombra dos que não têm um ombro
para suportar o fundo dos olhos




O fotógrafo chama-se Fazal Sheikh e é americano, nascido em Nova Iorque. Neste momento, expõe no Museu do Eliseu, em Lausana ("Je t'envisage: la disparition du portrait" - "Olho-te: o desaparecimento do retrato")e, em Paris, na Fundação Henri-Cartier-Bresson, onde mostra refugiados que tudo perderam, somalis no Quénia e afegãs no Paquistão.







OSSIP MANDELSTAM






Se for preso pelos nossos inimigos,
Se as pessoas não falarem comigo,
Se de tudo e de todos for privado:
Do direito a respirar e abrir as portas,
Do direito a afirmar que haverá vida
E que, como juiz o povo julga -
Se me tratarem como a um animal,
Se me atirarem a comer prò chão -,
A dor não amordaço, não me calo,
Mas o que for de desenhar, desenho,
E ao abalar o sino nu dos muros,
Ao despertar o canto escuro inimigo,
Vou atrelar dez bois à minha voz
E no escuro o arado enterro e guio -
E nas profundezas da noite, noite alerta,
Olhos se acendem para a terra fértil,
E pois na hoste de fraternos olhos apertado,
Co peso de toda a colheita eu cairei,
De impetuoso juramento é a seara -
E romperá de anos ardentes uma alcateia,
Como tempestade madura vai Lenine
Murmurar. Não haverá putrefacção na terra,
Assassinará razão e vida o Estaline.


Fevereiro-Março de 1937

OSSIP MANDELSTAM (1891-1938)


(Bruce Chatwin refere Ossip Mandelstam no seu "Que Faço Eu Aqui" (Ed.Quetzal), falando desses que caminhavam para os campos de morte stalinistas e que eram transportados em "vagões de gado".
Foram milhões. Ossip Mandelstam entre eles.
Este poema foi escrito um ano antes da morte, aos 47 anos. Com a mesma idade de Fernando Pessoa e,apenas, três anos depois da morte do autor da "Mensagem".
Nasceu em 15 de Dezembro de 1891 e morreu num campo siberiano, em 27 de Dezembro de 1938.
Mais um sagitário que conheceu o frio e que morreu no tempo do frio mais frio.
Preso,a mando de Staline, em 16 de Maio de 1934.
Há 70 anos.)






AINDA





Por que nos tocarão tanto as fotografias publicadas, revelando repugnantes torturas, tratamento infame dos presos?
Porque nós nos vemos na pele dos prisioneiros,colocamo-nos lá e sentimos um pouco daquela abjecção nefanda. Ficamos sem palavras, revoltados com o "estado a que isto chegou", como diria o Salgueiro Maia.
Porque a Democracia é a primeira a sofrer um rude golpe: os direitos fundamentais dos seres humanos são reduzidos, a mentira passa a fazer parte do código "ético" dos "democratas", isto é, dos que querem impor à bomba esta "democracia".
Porque é o terrorismo que ganha com estes comportamentos aberrantes.
Porque as forças ocupantes perderam a razão.

6.5.04

AINDA, A VERGONHA





A vergonha continua.

Envergonha-nos a todos, seres humanos cansados com a violência gratuita.

As mesmas prisões onde os carrascos de Saddam

Hussein torturavam e matavam, apenas mudaram de mãos e de gente.

A mesma escumalha: os carrascos. Agora, americanos ou ingleses.

Mudaram as vítimas.

A democracia exportada à bomba dá mais este desenrolar de crimes infames.

Onde estão os "catitinhas das guerras", na expressão de Mário de Carvalho, vestidos como os vendedores de automóveis e, alguns, directores de jornais? E os cronistas delgados? E os comentadores desempregados? E os putos do Forte de São Julião da Barra? E os lambe-botas? E os acríticos? E os inimigos da Liberdade e da Democracia, cometendo os maiores crimes em seu nome?

Onde estão os democratas que não têm coragem de reconhecer que se enganaram?

Onde estão os defensores dos Direitos Fundamentais dos Cidadãos?

E quem se lembra dos presos de Guantánamo, sem quaisquer direitos, nem sequer o direito a um advogado?

Como é possível haver, ainda, gente a defender o indefensável, em nome da pilhagem, da tortura e da morte?









CHU HSI




SOL DE PRIMAVERA


Deixo a brisa de leste banhar-me a face
A primavera resplandece de norte a sul
Com dez mil tons de vermelho
e dez mil tons de azul


CHU HSI (Séc. IX)

(in «Rosa do Mundo - 2001 Poemas para o Futuro",
tradução de Jorge Sousa Braga)






BUSH





"Inadmissível! A tortura nunca fez parte dos nossos valores."
( "Le Monde",06.05.2004)












DIREITOS FUNDAMENTAIS






Já escrevemos sobre as torturas no Iraque. E temo-las, lancinantes ainda, em muitos países do mundo. Como a pena de morte nos EUA, na China, em Cuba e em muitos países do planeta. E a repressão. A perda dos Direitos Fundamentais. E os presos políticos ou de consciência. E a ocupação da casa livre dos homens, seja na Palestina ou no Afeganistão.

E vamos visitá-los. E sofremos com eles.

Hoje, com cinza por todo o lado, vamos a CUBA e vamos pensar nos presos de consciência. Para não estarmos sós.













PICASSO





"Muchacho con Pipa" ( "Rapaz com Cachimbo"),
quadro de Picasso, pintado em 1905 (tinha ele 24 anos), na sua "época rosa",
transforma-se no quadro mais caro da história:
85,6 milhões de euros!










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